sexta-feira, 1 de julho de 2016

A Promessa da Rosa

O glamour, o luxo, os vestidos pomposos, os bailes, a sociedade... A verdadeira face da sociedade. Vamos à resenha do melhor livro que li esse ano, A promessa da Rosa, da autora Babi. A.Sette.




Século XIX: Status, vestidos pomposos, carruagens, bailes… Kathelyn Stanwell, a irresistível filha de um conde, seria a debutante perfeita, exceto pelo fato de que ela detesta a nobreza; é corajosa, idealista e geniosa. Nutre o sonho de ser livre para escolher o próprio destino, dentre eles inclui o de não casar-se cedo. No entanto, em um baile de máscaras, um homem intrigante entra em cena… Arthur Harold é bonito, rico e obstinado.

Supondo, por sua aparência, que ele não pertence ao seu mundo, à impulsiva Kathelyn o convida a entrar no jardim – passeio proibido para jovens damas. Nunca mais se veriam, ela estava segura disso. Entretanto, ele é: o nono duque de Belmont, alguém bem diferente do homem que idealizava, só que, de um instante a outro, o que parecia a aventura de uma noite, se transforma em uma paixão sem limites.
Porém, a traição causada pela inveja e uma sucessão de mal-entendidos dão origem ao ciúme e muitas reviravoltas. Kathelyn será desafiada, não mais pelas regras sociais ou pelo direito de trilhar o próprio caminho, e sim, pela a única coisa capaz de vencer até mesmo a sua força de vontade e enorme teimosia: o seu coração.




Este foi o primeiro livro que li da autora, e não poderia ter começado de maneira melhor.
Basicamente todos os romances de época tem seus ingredientes cruciais, as mocinhas irreverentes, a frente do seu tempo, inteligentes, que não aceitam as imposições da sociedade, não se dão por satisfeitas com um casamento por negócio.
Este também conta com este perfil. Kathelyn é filha de um conde, uma mulher belíssima, que tem tudo para ser a sensação da temporada. Admirada e invejada, Khate tem os melhores pretendentes aos seus pés, e também muitas pessoas torcendo contra seu sucesso. Ela não é a debutante perfeita, é inteligente, teimosa e carrega dentro de si um espírito de liberdade. Odeia a sociedade e sonha em se casar por amor. Mas que membro da sociedade aceitaria sua espontaneidade?

“Ela gostava demais da queimação do perigo, da emoção, de poder ser descoberta, daquele estado excitante em que entram todos os sentidos diante de um desafio – suor nas palmas das mãos, calor nas bochechas, frio entre as costelas. Às vezes, até mesmo, um formigar por cima da pele e um tremor nas pernas. Seja o desafio qual fosse. Gostava de todos eles.”

Arthur é o nono conde de Belmont. Rico, bonito, intransigente e perseverante, consegue sempre tudo aquilo que quer. Não leva uma vida regrada pela sociedade, mas ainda assim, faz parte dela. E mesmo que não se importe com tantas formalidades, seu orgulho e posição social o levam a seguir o que é imposto.

”Sentiu um pavor de morte só de passar a mais vaga ideia de que corria o risco de apaixonar-se. E se ele continuasse a persegui-la, Deus a livrasse, ela não resistiria por muito mais. Ele era a antítese de tudo o que sempre sonhou como deveria ser o homem por quem se apaixonaria um dia.”

Em um baile Kathe vê em Arthur alguém longe do seu mundo. Pensando em tratar-se de mais um forasteiro, devido a aparência rústica, ela o convida para um passeio no jardim, com a certeza de que jamais voltaria a vê-lo. Após sua aventura, descobre a posição de Arthur na sociedade, que encantado com a garota, passa a cortejá-la.
Ele não se importa com a personalidade diferente de Kathe. Muito pelo contrário: o atrai ainda mais. Compartilham de gostos semelhantes, partilham das mesmas opiniões, não dão a devida importância para os valores da sociedade, e estão a cada dia mais apaixonados.

“Entretanto, já havia decidido que escolheria uma esposa adequada e que se habituasse ao seu estilo de vida. Uma mulher que tivesse personalidade. Não queria uma boneca amarrada com fitas que aprendera a dizer duas frases na vida. – Sim, meu senhor. Não, meu senhor. – Queria uma mulher autêntica, que o desafiasse.”

Um casal que se completa e que poderia ter uma vida tranquila e feliz.
Mas não é assim que as coisas funcionam. O espírito livre de Kathelyn, sua sede por aventuras e determinação em fazer aquilo que sente vontade, acaba por envolvê-los em um escândalo. E mesmo que Arthur tenha ideias independentes da sociedade. Ele ainda se sente compelido a seguir o que é imposto. Unindo isso a um jogo de traição e inveja, inicia o verdadeiro conflito da história.
A partir daí, surge uma história completamente diferente de todas que já li, mostrando a realidade alem dos bailes. O quanto à sociedade do século XIX era cruel, e poderiam destruir vidas sem se importar com as consequências.
Tudo passa a desmoronar para Kathe, e assim ela protagoniza uma das histórias mais tristes, cruéis e dolorosas que já vi.
A sociedade, com seus valores moralistas, machismo, a crença de que mulheres não eram nada além de objetos sem vontades próprias, feitas para servir os maridos, reproduzir e entreter-se com fofocas, arranca tudo que ela tem. Tudo que acreditava ser seguro. Foram os responsáveis por todas as suas dificuldades.

“― Essa é a ridícula maneira como são tratadas as mulheres. Como éguas em leilões, como cabras incapazes de pensar por si só. (...) Como seres frágeis que não podem abrir a boca sem que alguém as ordene ou comande. Não comigo, não em minha vida. Não casarei, prefiro o exílio, o convento, a forca, a morte a ser tratada como um bicho incapaz de se orientar. Sou um ser humano e tenho direito de escolher com quem vou dividir meu leito, minha vida.”

Kathe foi julgada inúmeras vezes, humilhada, depreciada, desacreditada e esquecida. E mesmo com tudo isso, ela não enfraqueceu. Foi a personagem mais forte e determinada que já vi. Lutou por sua vida, para encontrar seu caminho. Reescreveu sua história.
Com o passar do tempo, muitas coisas mudaram dentro dela. Porém o amor que sentia por Arthur continuava inalterado. Mas é difícil deixar de lado todo o sofrimento que ele a fez passar, talvez ela nem seja capaz de esquecer tudo que aconteceu para voltar a viver esse amor.

“E vou amar você com tanta intensidade que quando acabarmos, não restará nada seu que você não tenha revelado e nada meu que permaneça oculto.”

Ela terá que escolher entre seguir em frente ou se arriscar para estar novamente ao lado do único homem que habitou seu coração.

"O coração não seguia a sua razão. Nunca seguiu quando era Arthur.

Batia tão rápido que ela achou que fosse ficar sem ele a qualquer momento."


Os personagens são cativantes e envolventes, e te puxam de diversas formas para dentro da história. Inicialmente atraem por sua irreverência e bom humor, pelas atitudes espontâneas e despreocupadas. A paixão que há entre eles é forte e quase descontrolada. Ambos não conseguem se conter e estão sempre a beira de escândalos, é um sentimento tão forte que traz uma certa afinidade ao leitor, todos torcem para que tudo dê certo entre eles.

“Entendi que quem doma o mundo é a forma que escolhemos olhar para ele e não a forma como se apresenta diante de nós.”

 Na segunda parte da história, tudo muda. A narrativa passa a ser tão triste e sombria, tantos infortúnios e desencontros, tanta humilhação e sofrimento. Kathe não é uma mocinha, é uma heroína, a heroína da sua própria vida, lutando para resgatar tudo o que perdeu, cada parte de si mesma.

- Só para lhe avisar, caso esteja mesmo me cortejando, eu seria uma péssima duquesa. A única que prefere ser subornada com óperas ou livros no lugar de joias ou vestidos.

Arthur continua refém das suas convicções, e assim passa a ser ainda mais errado e injusto. Não posso dizer que fui muito fã dele, pois quanto mais dor suas ações causavam, mais vontade eu sentia de sacudi-lo, para que pudesse acordar e ver o quanto ele mesmo perdia.

"De todos os defeitos que um homem pode ter, Belmont tem o pior deles, é um maldito covarde."

Foi uma experiência única conhecer uma obra que trata de forma tão complexa  esta época.
Mesmo se tratando de uma triste história, a autora ainda conseguiu inserir boas doses de humor. Esta mistura torna a história ainda mais adorável.
Sou fã de romances históricos, e sempre me encanto com o clima dos tempos passados, porém em sua maioria, todos os livros mostravam apenas a parte “boa”. Ao ler a sinopse do livro, não imaginei o que encontraria em suas páginas. E foram tantas emoções distintas, que nem consigo explicar com palavras. Chorei de tristeza, e também de alegria. Torci por um final feliz e briguei mentalmente com os personagens por estarem tão longe de alcançá-lo. O livro é relativamente grande, mas li em apenas dois dias. Não deu para largar a história, o final atrai como um imã.

“ – Homens não se casam com mulheres liberais e rebeldes. Apenas flertam com elas.”

E após finalizar passei pela maior ressaca literária da minha vida. Não consegui encontrar um livro que me agradasse realmente. Todos pareciam vazios.
Enfim superei, e hoje posso recomendar para todos esse livro, que com certeza vai tocar o coração de cada um, assim como tocou o meu. 

“Enquanto houverem histórias de amor nascendo e vivendo em nossos corações, todas as rosas cumprirão a sua promessa”.


Título: A Promessa Da Rosa
Autor: Babi A. Sette
Editora: Novo Século
Ano: 2015
Páginas: 432

Um comentário

  1. Olá, adorei a resenha. Ainda não conhecia o livro, mas ele parece ser interessante. Vou adiciona a minha lista

    ResponderExcluir