segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Cidades-Mortas

Já imaginaram como seria o Brasil em um futuro distópico? Lisarb tem um governo opressor, onde o único lema da Bandeira é Ordem e é preferível mandar jovens humildes para uma morte lenta e certa à cuidar de seu futuro. Acompanhem a resenha de hoje do livro Cidades-Mortas, em parceria com  a Chiado Editora, do autor Dêner B.Lopes. 



Sinopse:
Cada uma das 10 Cidades da nação de Lisarb escolherá, por meio de voto dos habitantes, um casal de jovens entre 15 e 18 anos para o Festival das Cidades-Mortas.
Os 20 Eleitos serão encaminhados para a Cidade-Morta selecionada, onde serão confinados e terão que escapar dos soldados-robôs que irão se dispersar pelo local, com claras intenções de morte lenta.
Todos aqueles que conseguirem sobreviver até o final das duas semanas de confinamento, terão a honra de fazer dois pedidos, possíveis e aprovados pelo Presidente, é claro.
As seleções começarão no dia primeiro do último mês do ano e o Festival terá início no dia terceiro após os Eleitos serem anunciados.
O confinamento será acompanhado por toda Lisarb por meio da TV aberta durante todos os dias do Festival, ao fim das noites.
Aos Eleitos, com toda a verdade, desejamos sorte e, acima de tudo, coragem.
David Neil e Boris Alvimar (Diretor da Emissora RGS-14 e Presidente da República)


Arthur Noah tem 16 anos, é pobre, órfão e tem quase certeza de que será o Eleito da próxima edição do Cidades-Mortas, festival de “entretenimento” onde vinte Eleitos são confinados à uma cidade-morta de Lisarb, antigas favelas nas quais a população foi dizimada e posteriormente usadas para sediar as edições do evento. Lá, os Eleitos precisarão fugir de soldados-robôs que não hesitarão em os torturar até a morte, caso sejam pegos.
Lisarb é uma reles sombra do que um dia foi o Brasil, liderado por um governo opressor, o preconceito impera nas relações da sociedade chegando a tal ponto onde até o espaço da praia é separado para brancos e negros, com um bom espaço entre eles.
A questão das drogas é algo imperdoável nessa sociedade e após ser pego com maconha, Arthur vai para a prisão, onde poderá ficar anos privado de sua liberdade.
 No dia da apresentação dos Eleitos, sem deixar de imaginar a frustração da elite branca votante ao não ver seu nome na lista de “candidatos”, Arthur e William, outro menor preso, assistem a abertura da trigésima edição Festival das Cidades-Mortas e mal imaginam eles que a aparente fuga planejada da prisão os levará para muito distante da tão sonhada liberdade.
Dêner fugiu do clichê das distopias, onde os protagonistas são direcionados previsivelmente para o meio da chacina. Mas isso não impede que, mesmo assim, Arthur acabe no meio da Cidade-Morta do Rio de Janeiro, a escolhida desta edição.
A ideia de Dêner é boa. Ele entra em assuntos delicados como preconceito racial, violência e o uso de drogas e nos mostra essa sociedade de diferentes pontos de vista. A leitura é rápida e esse foi um dos pontos negativos que encontrei durante o livro, o autor não se prende muito a detalhes, não nos permitindo visualizar melhor determinadas cenas da história, mesmo que a linha de acontecimentos seja interessante. Senti falta também de maior participação dos soldados-robôs, que não aparentam ser tão horríveis assim.
Um momento na história me chamou a atenção, que pra não dar spoiler, cito apenas que é uma forma que os idealizadores do evento criaram para “burlar” a naturalidade dos desfechos ocorridos no Reality Show, mostrando que nem mesmo quando vidas estão em jogo, o pão e o circo bastam para a plateia, que necessita incessantemente de mais fogo na fogueira, pois isso é o que dá (?) graça a vida.

Amo distopias e adorei ver como o Brasil se encaixaria nesse modelo, mesmo que alguns elementos já estejam presentes em nossa sociedade atual. Dêner está de parabéns pelas lições que mostra ao longo da narrativa e como disse antes, apenas a questão de um maior aprofundamento quanto aos detalhes foi o que ficou como ponto negativo para mim.

Livro cedido pela Chiado Editora.
Autor: Dêner B. Lopes.

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