quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Por Lugares Incríveis

E essa resenha gente? Não tem como definir esse livro numa resenha! Mas com certeza é um dos livros mais ricos em quotes e pensamentos vivos que já li. Jennifer Niven entrou para as autoras favoritas, e sim, leio tudo que ela escrever. 



Theodore Finch está desperto novamente. Após dias de blecautes onde mal se lembra do que aconteceu, em especial as datas festivas do último fim de ano, ele acorda e não sabe exatamente por quantos dias ficará assim. E enquanto espera os dias de escuridão chegarem novamente, ele se pergunta todos os dias: "Hoje é um bom dia para morrer?" É quando se vê a seis metros de altura, prestes a pular da torre do sino da escola, que ele descobre que não está sozinho.

Violet Markey é o tipo de garota que leva uma vida perfeita, mas tudo acaba no dia que sua irmã, Eleanor, é vítima de um acidente de carro que apenas Violet sobrevive. Sentindo-se culpada, ela se afasta de tudo e de todos e sem saber como, vê-se também no alto da torre do sino da escola, prestes a pular. Apavorada quando as pessoas lá embaixo começam a notá-la, Finch a ajuda a sair dali sã e salva, no que mais tarde fica conhecido como o dia em que Violet Markey salvou a vida de Theodore Aberração, o aluno mais suicida de todos os tempos da escola de Bartlett.

Quando o professor de geografia passa um trabalho para a turma no qual eles devem visitar lugares de Indiana, Violet se vê encurralada quando Finch, diante de toda a turma, a convida para ser sua dupla na tarefa. Sem mais desculpas sobre não estar preparada, ela e Finch se aventuram por lugares onde nunca pensaram visitar.

“[...]tenho no carro um mapa que praticamente pede pra ser usado, e existem lugares que precisam ser vistos. Talvez ninguém nunca vá até lá nem valorize esses lugares nem se dê o trabalho de pensar o quanto são importantes, mas talvez até o menor deles tenha algum significado. Se não tiverem pros outros, talvez tenham pra gente. No mínimo, quando a gente for embora, saberemos que pelo menos os visitamos. Então vamos. Vamos até lá. Vamos fazer alguma coisa. Vamos sair do parapeito.”

Inevitavelmente, essa improvável amizade se transforma em um amor verdadeiro e único. Finch mostra a Violet uma forma nova de ver a vida e aos poucos ela vai recuperando a esperança de viver e ser feliz.

Sinceramente, Violet, não sei por que a galera não gosta de mim. Mentira. Quer dizer, eu sei e não sei. Sempre fui diferente, mas pra mim diferente é normal.”

Como ser o que lhe dá na telha se sempre está sendo julgado pelos olhos da sociedade? Por Lugares Incríveis é mais um daqueles livros que me fazem refletir sobre os relacionamentos sociais. As pessoas estão se tornando uma massa homogênea, onde quem é “diferente” deve encarar sem medo os rótulos atribuídos às suas características ou sofrer as consequências. Finch não se importa com isso, ele escolhe uma personalidade diferente a cada semana, “Finch Canalha, Finch Largado, Finch Fodão, Finch anos 80.” Ele não se importa, mas infelizmente compreendemos todo o impacto do que é uma pessoa ser tachada como diferente.

“Quero me afastar do estigma que todos eles sentem só porque têm uma doença no cérebro e não, digamos, no pulmão ou no sangue. Quero me afastar de todos os rótulos. “Tenho TOC”, “Tenho depressão”, “Eu me corto”, eles dizem, como se essas coisas os definissem. Tem um coitado que tem déficit de atenção, é obsessivo-compulsivo, tem transtorno de personalidade limítrofe, é bipolar e, ainda por cima, tem um tipo de transtorno de ansiedade. Eu nem sei o que é transtorno de personalidade limítrofe. Sou o único que é só Theodore Finch.”

A perspectiva de Finch me trouxe a realidade da tristeza profunda. Nunca entendi os motivos dessa “doença” a que chamam depressão. Acreditava que a cura estava em ajudar a si próprio, procurar a felicidade no dia a dia e viver. Mas isso se mostrou inútil na história de Jennifer Niven, Finch pode até  assumir as personalidades desejadas e não se importar com os rótulos que ganha, mas lá no fundo, algo sempre está falando mais alto.

“Ao andar pelos corredores, não há como prever o que Finch Fodão vai fazer. Dominar o colégio, a cidade, o mundo. Será um mundo de compaixão, de amor ao próximo, de amor entre alunos ou, pelo menos, de respeito entre as pessoas. Sem julgamentos. Sem xingamentos. Nada, nada, nada disso.”

E ele encontra? Aquela imensidão azul pode ser o caminho.

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